No próximo dia 10 de novembro, a Critics’ Choice Association, de que participo como membro votante desde 2021, entrega o 9º Documentary Awards. Nesta publicação, vou compartilhar o meu ranking na categoria principal de Melhor Documentário, daquele que menos gostei àquele que mais gostei. Antes, deixa eu enumerar os 10 indicados, e onde você pode assisti-los.
Na Disney+
Billy e Molly: Uma História de Amor Diferente (Billy & Molly: An Otter Love Story)
Jim Henson, o Homem-Ideia (Jim Henson Idea Man)
A Música de John Williams (Music by John Williams)
Na Netflix
Filhas (Daughters)
A Noite que Mudou o Pop (The Greatest Night in Pop)
A Extraordinária Vida de Ibelin (The Remarkable Life of Ibelin)
Will & Harper
Nos Cinemas
Super/Man: A História de Christopher Reeve (Super/Man: The Christopher Reeve Story)
Ainda Inéditos
Peça por Peça (Piece by Piece)
Sugarcane
Agora, o meu ranking do que menos gosto para o que mais gosto.
Peça por Peça - É praticamente um documentário autobiográfico, pois produzido pelo músico Pharrell Williams, o sujeito tema objeto da inquirição do vencedor do Oscar Morgan Neville. Talvez, por esse motivo, eu tenha criado um obstáculo em relação ao documentário. Eu admiro quando artistas rasgam a própria pela, e nos mostram as vísceras através de sua jornada de ascensão, com vitórias, derrotas e a superação de obstáculos, mas não dá o tom condescendente e autoindulgente, que ‘apaga’ o diretor da narrativa - Pharell que decide realizar o documentário usando Lego. Contudo não cometerei o equívoco de dissociar a forma animada da análise, é parte essencial da experiência da narrativa, por bem ou por mal. Ainda que traga uma componente pop que existe na música de Pharell, reduz o impacto emocional de outras passagens. Muitos curtirão porque é Lego, quando, para mim, é a forma que revela bem a limitação e contradição do projeto.
Billy e Molly: Uma História de Amor Diferente (Billy & Molly: An Otter Love Story) - Eu não imaginei que assistir a um documentário sobre a amizade entre um homem que retornou à cidade onde cresceu, e lamenta não ter tido filhos, e uma lontra, que pode ter perdido a mãe (é uma ideia trazido na narrativa, e não em fatos). Billy começa a cuidar de Molly, alimentá-la, até mesmo treiná-la para que seja capaz de sobreviver na natureza. É admirável que o documentário não estimule um comportamento bocó humano de domesticar animais silvestres, e sim, procure uma âncora emocional para tentar explicar a dedicação de Billy à Molly. Mas é o Professor Polvo do ano, e dá até medo de imaginá-lo (isso não irá acontecer) premiado.
A Música de John Williams (Music by John Williams) - Junto a Bernard Hermann e Ennio Morricone, John Williams compõe o triunvirato de grandes compositores da história do cinema, e é merecedor de uma biografia que o coloque em primeiro plano da orquestra cinematográfica, onde permaneceu nos bastidores elaborando muitas das trilhas sonoras por que nos apaixonamos. Infelizmente, ao menos para mim, o documentário trouxe poucas informações novas. A importância do papel dele em reviver a orquestra cinematográfica quando os compositores começavam a investir em sintetizadores, ou a relação conturbada que teve com a Sinfonia de Londres, e mesmo o envolvimento com a música experimental são elementos que enriqueceram esse personagem que eu já conhecia tão bem e amava por todas as vezes em que transformou, em música, os sonhos que jamais havia imaginado em sonhar.
A Extraordinária Vida de Ibelin - Mats Steen nasceu com a distrofia muscular de Duchenne, uma doença degenerativa que lhe retirou a capacidade de caminhar e, com o tempo, a própria autonomia. Em sua cadeira de rodas, Mats tinha somente o videogame como meio de devolver-lhe parte do que a doença havia tirada, e o Mundo de Warcraft transformou-se na sua vida real. Depois de sua morte, os pais de Mats descobriram o quanto o filho era admirado pela comunidade de gamers e amigos: através das mensagens de e-mail e das 42 mil páginas de registro do jogo, os pais têm a oportunidade de conhecer a ‘segunda vida’ do filho. O documentário é criado a partir dos relatos de ‘cabeças-falantes’ e da animação que utiliza o estilo de Warcraft para resgatar a memória de Mats, ou Ibelin, o seu alter-ego. A técnica pode até ser cansativa com o avançar da narrativa, mas o documentário não deixa de ser emocionante.
Will & Harper - O documentário me forçou a refletir sobre a ilusão ou farsa do cinema, antes de encarar a sua sinceridade. A câmera que atravessa o encontro entre o comediante Will Ferrell e Harper Steele, depois da transição de gênero, retira (ou pode retirar) a espontaneidade e autenticidade daquele momento. Aí, notei o quanto o cinema é bonito em convidar o espectador a participar de algo íntimo e privado, um registro de amor, amizade e cumplicidade para lidar com uma sociedade “fóbica” (ou ensinada a sê-lo). Eu até sou obrigado a repensar se este documentário foi honesto comigo o tempo inteiro, e se não deixou eventos fora. Mas é um documentário lindinho, e que dá pano para manga em conversas sobre cinema.
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