Na Terra de Santos e Pecadores

Um bate-papo sobre faroeste

Hoje não estou com muita gana para escrever uma crítica, muito menos para realizar uma Anatomia de uma Cena, que é um dos quadros que mais gosto de produzir. Em vez, queria trazer uma reflexão acerca de gêneros na arte cinematográfica, especificamente sobre um dos mais reconhecíveis e por vezes ignorado, o faroeste.

Bem além do que só as histórias sobre a conquista do oeste pelos habitantes das treze colônias norte-americanas, o faroeste é o gênero sobre o antagonismo entre civilização e barbárie. A primeira, representada pela cidade típica do velho oeste e pela família na figura de uma mulher particularmente; a segunda, representada por povos originários ou por bandidos que ameaçam a paz da civilização.

Os astros John Wayne, Clint Eastwood e Gary Cooper, os diretores John Ford e Sergio Leone, as vertentes clássica, espaguete (italiano e espanhol), revisionista e neowestern, e mesmo a presença de elementos do gênero no cinema policial. A gente poderia bater um papo de horas sobre o gênero querido por nossos pais e avós, mas que a geração de hoje raramente tem a oportunidade de visitar talvez pelo retrato ideológico, estilístico e rítmico bem apartado do nosso.

(Enquanto escrevo, esbarrei na notícia de que Horizon, parte 2, perdeu a data de estreia nos cinemas e deve ir diretamente ao streaming e vídeo por demanda, o que evidencia que o faroeste, hoje, é um gênero de alto risco).

Afinal de contas, onde tento chegar discutindo sobre o faroeste e citando, no título da postagem, Na Terra de Santos e Pecadores, um filme irlandês dirigida por Robert Lorenz e estrelado por Liam Neeson, Kerry Condon e Ciarán Hinds, que teve a sua estreia no Festival de Veneza do ano passado e está disponível no catálogo da Prime Vídeo?

Digamos que se trate de um faroeste irlandês, e vou provar em uma miniaula acerca de algumas convenções estilísticas e temáticas (terá apenas spoilers leves).