Com o passar das semanas, vou aperfeiçoar a comunicação dessa ambiciosa lista, a lista das listas. Na realidade, mais importante do que “somente” indicar, é também explicar a razão da recomendação, não concordam?
Nosferatu (1922)
F. W. Murnau tentou adquirir os direitos de adaptação de Drácula, de Bram Stoker, e, não conseguindo, decidiu criar o seu próprio vampiro, Nosferatu. A obra não é muito diferente do que o conto original, no qual um agente imobiliário viaja até os Montes Cárpatos (não mais à Transilvânia) para vender uma propriedade em nome do Conde Orlock (Max Schreck), cujo objetivo é mudar-se à Berlim (não à Londres). Até Orlock tentar possuir Ellen, a esposa do agente imobiliário.
Por que assistir? O centenário Nosferatu é uma das obras capitais do expressionismo alemão, o primeiro movimento cinematográfico da história do cinema. É um terror representativo de uma época em que a Alemanha, recém saída da 1ª Guerra Mundial, enfrentava a recessão e tentava elaborar os anseios sociais enquanto, à distância, já havia iniciado o flerte com o regime de exceção nazista.
Máquina Mortífera (1987)
Martin Riggs (Mel Gibson) e Roger Murtaugh (Danny Glover), um cauteloso tornam-se parceiros no departamento de polícia de Los Angeles e investigam uma quadrilha de traficantes de drogas formada por ex-combatentes da Guerra do Vietnã. A questão é que Riggs e Murtaugh são extremos opostos um do outro: o primeiro é imprudente, imprevisível e flerta com o suicídio após uma tragédia familiar; o outro já está velho e cansado, contando dias para a aposentadoria.
Por que assistir? Máquina Mortífera pode não ser o primeiro policial buddy cop, em que agentes da Lei com personalidades opostas complementam-se para solucionar crimes, mas certamente é a inspiração para uma dúzia de produções que tentaram reproduzir a dinâmica construída por Richard Donner com um elenco afiadíssimo. É um policial bem humorado - mais a partir da continuação -, empolgante e bastante humano.
Fargo (1996)
Fargo ganhou o subtítulo Uma Comédia de Erros quando chegou ao Brasil, e provocou causado um curto circuito na cabeça de quem assistiu a esta comédia de humor ácido que concedeu o primeiro dos três Oscars para Frances McDormmand e o primeiro de quatro Oscars aos irmãos Ethan e Joel Coen pelo roteiro original (os outros 3 vieram com Onde os Fracos Não Têm Vez). A história é enroscada e é até difícil resumi-la em meia dúzia de linhas: o vendedor de carros endividado (William H. Macy) contratou dois criminosos (Steve Buscemi e Peter Stormare), para sequestrarem a sua esposa e exigirem o resgate de seu sogro endinheirado. Só que as coisas não acontecem bem conforme o plano e entra em cena a detetive Marge (Fraces), grávida, responsável por investigar o caso.
Por que assistir? Não é por causa do Oscar, mas porque, além de haver gestado uma série que honra suas raízes - ao menos as 3 primeiras temporadas que já pude ver -, trabalhou muito bem no limiar do humor ácido. Não é uma comédia, porque não há motivo para sorrir em face a tragédias, mas é uma comédia pois o comportamento de seus personagens namora o cômico.
Maioria Absoluta (1964)
Com a narração de Ferreira Gullar, produção de Arnaldo Jabor e montagem de Nelson Pereira dos Santos, Leon Hirszman escreveu e dirigiu um documentário que denuncia a desigualdade social brasileira dando voz e visibilidade àqueles afetados pelo descaso do Poder Público. De uma forma irônica, Hirszman de ser, o documentário entrevista a classe média burguesa, alienada dentro de uma bolha, cega aos sofrimentos de quem está no campo e com políticas para lá de idiotas, tipo proibir analfabetos do direito ao voto.
Por que assistir? Uma das joias do Cinema Novo, é um filme que permaneceu banido no país, apenas exibido internacionalmente, de 1964 até 1980, em razão de seu tema necessário e que a Ditadura Militar queria varrer para debaixo do tapete. É um curta que a turma do Clube do Crítico conhecerá melhor na aula sobre Cinema Novo e que linko abaixo para quem deseja assistir no YouTube.
Edição anterior:
Máquina mortífera é um clássico da sessão da tarde, programa de inclusive da completando 50 anos esse ano, bora fazer um especial.