Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha
É o mais representativo filme do que teóricos e historiadores cinematográficos convencionaram denominar de 2ª fase do Cinema Novo, no qual os diretores do movimento refletiram acerca do fracasso da ação política que haviam proposto mediante a arte. No lugar do sertanejo nordestino, o sujeito de classe média que assistiu ao Golpe de 1964 e permaneceu inerte, alienado ou apenas ignorou suas consequências talvez por lhe convirem.
Em Terra em Transe, Glauber Rocha trata da fictícia Eldorado, representativa do mesmo Brasil em que estava, um em que o capital empresarial, o quarto poder da mídia e o populismo massacravam, literalmente, a população carente que apenas queria comer. É alegoria, mas é Brasil, um de relações promíscuas e de agonia.
Comboio do Medo (1977), de William Friedkin
É a segunda adaptação da obra de Georges Arnaud para o cinema - Henri Georges-Clouzot havia adaptado anteriormente em O Salário do Medo (1953), que é mais um filme que poderia facilmente estar nessa lista. E, como a mais recente adaptação da obra estreou na Netflix (com direção de Julian Leclercq), decidi resgatar um dos mais desprezados clássicos de William Friedkin (cujos O Exorcista e Operação: França sempre vem à frente).
A obra do saudoso diretor tem Roy Scheider no papel principal, e situa ação na Costa Rica. A história é a mesma: um comboio carregado de nitroglicerina é enviado, entre a floresta densa da região, para tentar contar a explosão de uma torre petrolífera. É tenso à beça.
Núpcias de Escândalo (The Philadelphia Story, 1940), de George Cukor
Denomina-se comédia maluca (ou screwball comedy) o subgênero norte-americano, em que o humor é deflagrado da guerra de sexo (ou da luta social, mas o primeiro caso é o mais comum). Este clássico é estrelado por Katharine Hepburn, Cary Grant e James Stewart, às vésperas da casamento daquela com o personagem interpretado por John Howard. Cary Grant é o ex-marido convidado para a festa. James Stewart, o repórter enviado a contragosto para a cobertura da cerimônia. Todo mundo apaixona-se pela Rainha de Gelo, e nem haveria de ser diferente, com seu charme ácido e cinismo. Eu adoro, sobretudo por ser bastante representativo do que foi o pensamento progressista de Hollywood nos anos 40 e como evoluímos MUITO em 80 anos, em termos de arte e sociedade.
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