Vida Cigana (1988), de Emir Kusturica
Na semana passada, realizei a minha primeira entrevista internacional. Foi com o diretor, roteirista e produtor Adam Cooper, de A Teia, com estreia nos cinemas na quinta-feira. Ao término da entrevista, pedi para que Adam indicasse um filme na nossa lista. Pedi para que fosse um filme menos óbvio e conhecido, mas que fosse mantido perto do coração. E ele indicou Time of the Gypsies, que é o título americano de Vida Cigana. É o primeiro desta lista que não assisti (ainda).
Na sinopse do filme bósnio, Perhan é um cigano que mora com sua avó na periferia de Sarajevo. Apaixonado por Azra, seu sonho é ganhar dinheiro para poder casar-se com ela. O vagabundo Ahmed propõe a Perhan ir para a Itália, na tentativa de fazer fortuna rápido. O jovem aceita, contudo quando se dá conta, é feito prisioneiro de um mundo sem escrúpulos, cheio de mágoa, do qual ele não quer participar. Emir Kusturica conquistou o prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes de 1989.
Instinto Selvagem (1992), de Paul Verhoeven
Instinto Selvagem era um filme proibido no meu lar de cinéfilos censores, leia-se, meus irmãos. Eu tinha 13 ou 14 anos e fui terminantemente proibido de assistir ao filme, só ouvia falarem de picador de gelo para lá, de Sharon Stone para cá, e minha curiosidade só aumentava. Apenas saciei o desejo de conhecer a obra de Paul Verhoeven ao atingir a idade adulta, e UOU, que filme.
Desde então, devo tê-lo revisitado 4 ou 5 vezes, e a cada vez tenho a maior consciência de que a investigação do detetive Nick Curran (Michael Douglas) de homicídios que o levam à sedutora psicóloga e romancista Catherine Tramell (Sharon Stone, o seu papel mais célebre) é, talvez, a obra neonoir mais significativa da década de 90. É curioso que à medida que revisito, cada vez mais admiro Catherine e reparo o quanto Nick é tolo e estúpido em acreditar que aquela inteligência poderia apaixonar-se por ele. Assistir a este home, interpretado por um ator masculino dos mais testeronescos da década de 90, render-se à Catherine mesmo que isto coloque em risco sua vida fala muito da forma com que Verhoeven enxerga a sexualidade masculina em seu cinema.
E Sua Mãe Também (2001), de Alfonso Cuarón
Rivais está em exibição nos cinemas e tem dividido parte do público em razão de um triângulo amoroso (um trisal talvez) entre os personagens centrais. Aí tem quem diga ser imoral, tem quem ateste ser um mero retrato de um fato social e sexual, tem quem até critique o filme por empregar o tênis somente como desculpa. Ah, se conhecessem E Sua Mãe Também, de Alfonso Cuarón, pelo qual o artista mexicano 2 vezes vencedor do Oscar de melhor direção (Gravidade, Roma) reabriu as suas portas de Hollywood e trouxe Diego Luna e Gael García Bernal como jovens cheios de desejo numa viagem de carro com uma mulher mais velha, interpretada pela envolvente Maribel Verdú.
É um filme caliente, cheio de tesão, desejo, e até mais do que isso, mas vou deixar você descobri-lo.
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