A Idade da Terra (1980), de Glauber Rocha
Uma das indicações do diretor Pedro Diógenes, além do mencionado A Mulher de Todos, foi A Idade da Terra, o canto do cisne do diretor Glauber Rocha, e que teria filmado sem roteiro à base do improviso. O jornalista Carlos Caetano, assistente de direção do filme, na entrevista que acompanha a versão para DVD, comentou que Glauber Rocha havia lhe confidenciado que o filme só seria compreendido 25 anos após o lançamento. Eu acredito que a estimativa do diretor foi bastante generosa, e mesmo hoje, o caos artístico que extravasa dos poros associado à sua beleza ainda permanecem inacessíveis a muitos.
A obra é inspirado em um poema de Castro Alves e retrata a situação política, cultural e racional do Brasil no final dos anos 70, portanto, durante o início do fim da Ditadura Militar. Um Cristo pecador, um Cristo negro, um Cristo-conquistador português e um Cristo guerreiro - os “Cavaleiros do Apocalipse” - dentro de uma obra que retrabalha a mítica e religiosidade cristã.
Hedwig: Rock, Amor e Traição (Hedwig and the Angry Inch, 2001), de John Cameron Mitchell
Durante a entrevista que fiz com o diretor Daniel Ribeiro e o ator Artur Volpi, para o filme 13 Sentimentos, aquele primeiro recomendou o clássico cult estrelado, dirigido e roteirizado por John Cameron Mitchell. John é Hedwig (Hansel, o nome de bastismo), uma cantora trans que deixa a Alemanha Oriental com o sonho de formar uma banda de punk rock nos Estados Unidos. É uma trajetória contada pela própria Hedwig, com humor e tragédia, em um obra monumental do cinema queer. O filme conquistou o prêmio Teddy no Festival de Berlim e os prêmios de direção e do público no Festival de Sundance - e deu uma vontade imensa de revê-lo!
Monster (2023), de Hirokadu Kore-eda
Já Artur Volpi indicou a obra de Kore-eda que pude assistir no Festival de Cannes do ano passado e que não gostei nem um pouco (mas sou democrático o bastante, pois já que modelei a lista em parte a partir dos convidados, então tenho que respeitar). Além do mais, foi um dos filmes preferidos da Isabela Boscov, então, ok.
Na obra, uma mãe sente que há algo errado quando seu filho começa a se comportar de uma forma estranha. Ao descobrir que um professor é o responsável, ela vai até a escola exigindo saber o que está acontecendo. Enquanto o caso se desenrola pelos olhos da mãe, do professor e da criança, a verdade começa a surgir, dentro de uma linha rashomoniana. Se você tiver interessado em saber por que não gosto do filme, basta acessar a minha crítica publicada na cobertura do Festival de Cannes.
A minha entrevista com Daniel Ribeiro e Artur Volpi pode ser assistida abaixo
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