Nesta semana, conversei com Alex Carvalho, diretor, corroterista e produtor de Salamandra, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (27/06), ou se Disney/Pixar e Paramount não dominarem as salas de cinemas de sua cidade com Divertida Mente 2 e Um Lugar Silencioso: Dia Um. Alex ‘fugiu’ com elegância do meu pedido de indicar um filme para a nossa lista, no lugar disto, indicou uma autora: Claire Denis (assista à entrevista ao término da publicação).
Eu vou preencher as lacunas, portanto.
Chocolate (Chocolat, 1988), de Claire Denis
Não confunda com o filme homônimo dirigido por Lasse Hallström e estrelado por Juliette Binoche e Johnny Depp ou ainda por aquele protagonizado por Omar Sy. O longa-metragem de estreia de Claire Denis é autobiográfico em como reconhece a influência de sua trajetória no olhar de uma mulher entre dois continentes. Claire, na infância, morou na África para acompanhar o pai, um administrador colonial; adulta, retornou à África em uma trajetória parecida com a de France (uma personagem cujo nome não é sutil e tampouco precisa ser).
Agora, em Camarões, a antiga colônia francesa, France recorda de momentos de sua infância, particularmente a sua relação com Protée (Isaach De Bankolé), e do contexto racial e colonialista daquele período. Há, ainda, timidamente, um discurso imagético a respeito do furto da identidade material do país, de seus tesouros.
Bom Trabalho (Beau Travail, 2000), de Claire Denis
Em comparação com o anterior, neste Bom Trabalho as ambições artísticas e estéticas de Claire Denis estão melhor evidenciadas na maneira com que trabalha os corpos de seus personagens como se fossem paisagens exploradas pela câmera que se desloca e interroga o que sentem.
Uma parte da narrativa acontece em um campo de treinamento da Legião Francesa, no qual testemunhamos o relacionamento entre Galoup (Denis Lavant, um absurdo em termos de ator) e o comandante Bruno (Michel Subor), tudo isto diante da chegada de um recruta. O filme tem o olhar atento e contemplativo de quem não julga, apenas presencia e um domínio absoluto do próprio estilo.
M*A*S*H* (1970), de Robert Altman
Esta é uma menção em homenagem ao saudoso ator Donald Sutherland, que faleceu na semana passada, em uma obra crítica à Guerra da Coreia a partir da linguagem de absurdo dos coprotagonistas Duke e Hawkeye. Eles são médicos que transformam o horror e trauma da guerra em um humor ácido, irônico, sarcástico e preconceituoso, devo ressaltar, embora seja um preconceito que revela sobre os personagens, sobre o exército norte-americano e, em análise derradeira, sobre a cultura cinematográfica do período.
O filme transformou-se em uma série protagonizada por Alan Alda (que herdou o papel de Donald Sutherland), e que perdurou por 11 temporadas e 251 episódios.
Abaixo, meu bate-papo com Alex Carvalho, diretor de Salamandra, em cujos minutos finais, o diretor trata de sua apreço pela cineasta Claire Denis.
Edição anterior: