Na entrevista publicada em 27 de agosto de 20111, o crítico do The Guardian Steve Rose popularizou o termo que a crítica, o jornalismo e os estudiosos adotaram para rotular o cinema independente produzido na Grécia no início deste século, a Estranha Onda do Cinema Grego (ou Greek Weird Wave).
“Nos últimos anos, a imagem mundial da Grécia foi alterada do idílio de férias no Mediterrâneo e berço de ‘casamentos gregos’ para um local problemático. Não só em termos econômicos; não esqueçamos que a Grécia teve suas manifestações em 2008. Então, talvez seja esperável que o cinema do país também esteja mudando. O número crescente de novos filmes gregos independentes e inexplicavelmente estranhos sendo feitos levou os observadores de tendências a anunciar a chegada de uma nova onda grega, ou como alguns a chamaram, a ‘A Estranha Onda Grega’. Quer o rótulo se encaixe ou não, se houver uma onda, estranha ou não, [Yorgos] Lanthimos e [Athina] Tsangari estão indiscutivelmente em sua crista” (Steve Rose).
Yorgos Lanthimos é refratário com a ideia de que tenha havido uma Estranha Onda, em que também estariam incluídos Panos Koutras, Alexandros Avranas ou Ektoras Lygizos.
“Não é bem uma coincidência, mas temo que não haja fundamento para isso. Não existe uma filosofia comum, o que é uma coisa boa, eu acho. O comum é que não temos dinheiro, então temos que fazer nossos próprios filmes muito baratos e muito pequenos”. (Yorgos Lanthimos)
John Anderson, em um artigo publicado no The New York Times em novembro de 20132, reforçou a percepção internacional de que existiu um movimento estruturado do cinema grego. É uma percepção preconceituosa, porque impinge uma realidade a partir de uma percepção externa, não interna. Não houve uma Estranha Onda, ou não de uma maneira organizada como o Dogma 95 para citar um exemplo, mas somente a arte sendo arte, no sentido de refletir as condições sociais, econômicas, políticas e até estruturas do país e da indústria de cinema na Grécia.
Com o passar do tempo, estudos elaborados por autores gregos - e melhor capacitados para refletir a respeito da condição do país refletida na representação cinematográfica - adotaram termos melhores do que Estranha Onda. Dimitris Papanikolaou denominou de Realismo Biopolítico no livro Greek Weird Wave: A Cinema of Biopolitics3. Apesar de não se incomodar com a terminologia colonialista “estranha”, Dimitris atentou ao fato de que os artistas gregos criavam filmes expressivos de sua realidade, enquanto eram percebidos internacionalmente como estranhos.
“Foi nessa época [a Crise Grega] que alguns filmes com famílias em frangalhos começaram a se tornar cada vez mais reconhecidos nacional e internacionalmente. É o momento Dente Canino”. (Dimitris Papanikolaou)
À medida que estudou o cinema daquele período, o termo estranho passou a se mostrar inadequado e limitado, até aparecer Realismo Biopolítico.
A partir daqui, trarei uma lista de produções gregas e maiores detalhes sobre o estudo de Dimitris. Caso tenha interesse em prosseguir, considere assinar essa newsletter. Só custa 9,90 ao mês, e é significativa para me ajudar, até em um nível moral, em artigos e textos iguais a esse.
Ok…
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